domingo, 19 de outubro de 2008

Vaidade


Depois de uma sexta - feira muito, mas muito ruim, acabei indo parar no cinema. Ainda bem. Assisti "Ensaio sobre a cegueira", com a Juliane Moore, a sensação que eu tive é que é um filme pra ser saboreado; horas depois da projeção ainda se tira conclusões e sensações novas. O modelo de filmagem, luz, linguagem, enredo, tudo lembra um curta-metragem, tem aquela cara de obra de arte que o torna único, é filme pra comprar e assistir de vez em quando, sempre que quiser mergulhar num universo despido de todas as máscaras. O filme é bem sobre isso; interessante como as pessoas perdem os pudores e se mostram mais quando são tiradas delas todas essas muletas que usamos todos os dias, como nome, condição social, rosto, individualidade, caras e bocas. Os relacionamentos se tornam mais profundos quando perdem a vaidade e não há lugar pra egoísmo, todos estão no primeiro degrau da pirâmide de Maslow, todas as necessidades são fisiológicas, de sobrevivência mesmo e os personagens, que não têm nome, nos fazem questionar o que faz uma pessoa ser o que ela é. O que faz de você, você.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Fracasso


Tudo o que se tenta está sujeito ao fracasso. E junto com ele vem a desesperança, vergonha, raiva de si mesmo, e pra mim o pior é o "e se...". E se tivesse feito assim, e se tivesse dormido direito, e se eu desistisse agora, e se eu nunca conseguir... Dói muito a sensação de derrota, e quando elas vão se acumulando então, isso vai ficando insuportável, queima como perder alguém, é inevitável ma a gente sempre acha que podia ter feito alguma coisa pra mudar isso. Como se alguém escolhesse falhar, logo vem a questão: Porra, se eu não consigo nem ser medíocre e fazer algo que eu nunca quis, o que é que eu vou conseguir?
Lembro dessa época do ano passado, quando tentava ser trainee e viajei pela primeira vez (sozinha) pra São Paulo, desde o aeroporto tive aquela sensação de que qualquer coisa poderia acontecer naquela cidade, e decidi que minha vida aconteceria lá(nem indo pra Europa senti isso). Um ano depois, fui reprovada em todos os nem sei quantos processos seletivos que tentei, estou desempregada, sendo sustentada, estudando pra concurso e ainda presa nessa cidade que (desculpe quem gosta) me faz sentir enterrada viva, e não consigo nem alcançar a única coisa que essa merda tem pra oferecer. Tô mal, sei que vou melhorar daqui uns dias e vou continuar tentando, até porque não tenho alternativa; não tenho chance no mercado particular aos 27 anos e formada por uma faculdade privada, mas bem privada mesmo. Resta a mim agora me resignar, me esforçar muito pra não odiar todos os que estão melhores que eu (90% das pessoas que conheço) e continuar tentado.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Mentiras

Embora não tenhamos eleições esse ano aqui em Brasília, é difícil ficar indiferente a toda essa movimentação no resto do país. Teve uma coisa que me chamou muito a atenção: 11 capitais reelegeram no primeiro turno seus atuais prefeitos. Juro que vou fazer minhas malas e me mudar pra uma delas, afinal se querem que o cara continue tanto assim é porque tá tudo ótimo né. Ou será a segurança de saber que as mentiras desse eu já conheço? Mentiras... difícil não pensar nelas agora. No quanto permitimos que mintam pra nós; nossos políticos, nossos "amigos", nossos parceiros, nós mesmos. Já ouvi uma pessoa dizendo que se a pessoa mentia pra ela era sinal que se importava em não perdê-la, em impressioná-la, e que isso, no fim, era bom. Particularmente tenho vontade de desaparecer quando percebo que estão mentindo pra mim. Considero um ultraje. Mas ultrajantes mesmo são as mentiras que conto pra mim; quero acreditar nelas, logo eu, que já fui tão prejudicada por mentiras de amigos, do pai, da família, da vida, agora invento estórias e fundamento minha vida nelas. Quero acreditar nelas e quero me livrar delas.